quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

sábado, 5 de dezembro de 2009

Nas curvas da estrada, tudo faz diferença
no último segundo que podemos viver
no último suspense tenso na noite
vejo sim uma saída
que acreditava não ser mais possível
mas que veio, mesmo nos ultimos 10 minutos
tanta diferença fez

domingo, 22 de novembro de 2009


Um poema que percorresse nas cidades
e que te alegra-se
era o que queria, nesse balançar de vidas
que a vida te levou pra longe

um poema que já não te encontra mais
sabe-se que já não está mais ai
não sabemos de sua origem e destino

que poema poderia ser esse, que te acha-se
por algum momento
por alguns instantes
Será que te achará?


Nas ruas, nas esquinas,
nos ventos das praças
Nos becos escuros, no silêncio
Flue o silêncio, o vazio do esquecimento,

Nas ruas, nos dias quentes
Nas esquinas, no vento frio
Andando pela cidade, pelo estado, pelo mundo,
Flue o não notar, o fechar os olhos,
De um dia preso em rochas

No mar, na estrada,
nas ondas da praia
nada de novo
somos iguais em tempestades

sábado, 21 de novembro de 2009

Quando Deus criou o mundo, o primeiro grande manifesto divino foi a escuridão, pois antes que houvesse a luz, havia o momento de sua ausência. Era a escuridão a primeira impressão que teve o mundo. A decisão de ter criado a luz não fez menor o momento de sua falta. Apenas colocou sua importância para o momento de descanso do homem. Não havia lá os demônios, pois naquele momento de criação divinal ainda não havia rebelião dos anjos, e não se havia jogado os demônios para as trevas. Era harmônica a relação cósmica entre a escuridão e a luz. A escuridão ainda era divina.

Fechavam-se, assim, os olhos orgulhosos do criador para o descanso do sétimo dia e, mais um dia havia passado. Era mais um dia. O mesmo sol que investe sua luz perante a pele humana, era o mesmo a torná-la mais escura, trazendo naquele momento a grande e tão inútil contradição. A luz tornava-se trevas e as trevas, luzes.

Libertando-se do sono que apreciava, era o momento de se levantar. Ainda divinamente noite, ainda às 4 horas da manhã.
Eu quero um poema que me afasta da vida
e eternize a boa vontade das pessoas
Um candido olhar se torna forma
e me direciona para o mar de coisas que minha mente
ao pensa, me conta o momento de não existir

Ao caso da rosa, que o vento tirou as petalas muchas
coisas que o tempo tirou-me o sangue
e reduziu-me a eterna vida fugaz

Eu penso que existir foi tudo
É tudo e será tudo,
mas
porque o vento leva o vazio de tudo?
Eu, eterno fogo, você, eternidade
Os significados se reduzem ao nada mas eu
eu que não sei nada, vazio, sou vento!
Palavras ditas ao mar num momento insano.
Deus, onde está a boa vontade dos homens?
Jogou o mar lá fora?
Morreu as raizes sólidas da terra?
Eu, que só sei como o coração está, vivo
Sem o mar, mas com chuvas e lágrinas
Se vivo, não sei...

Mundo Paralelo Cybernético


Não consigo entender o que acontece comigo. O mundo que vejo agora se converte a uma visão surrealista e aos pouco me engole através de uma onda de luzes coloridas. Tudo se bagunça e corre a diversas direções. Não consigo entender nada. Agora sinto-me rodar dentro de um mar de luzes, como se estivesse em uma pia cheia da água e, de repente, alguém tira a tampa. A escuridão domina meus sentidos e começo a cair. Cai em um buraco sem fim. Minha vida passa na minha cabeça como se fosse um filme. Minha infância, minha adolescência. Era tão certinha em tudo! Lutava pelo que acreditava. Formei! Nossa, a utopia corria nas minhas veias. E agora estava caindo e caindo. Onde eu estava? Não sei!

Finalmente estava em um lugar colorido. Eram cores que nunca havia visto, então não sabia seus respectivos nomes. Meu corpo havia se transformado em algo que não conhecia. Andei um pouco naquele vazio espacial. Gritava, mas ninguém respondia. Devia estar há horas ali naquele lugar. Era alucinação minha? Como poderia saber! Era um mundo muito engraçado, me lembrava a história de Alice no País das Maravilhas. Uma voz resolve se manifestar. Perguntava por mim. A voz se impregnava em mim. Era como se a voz fizesse parte desse meu corpo transformado. Perguntei o que significava tudo isso. A voz replicou:

─ Não significa nada, ser cibernético! Tu es como eu, nesse mundo paralelo. É exatamente onde raras almas vêem e se perdem. Estamos no mundo paralelo da informática, criado pelo homem. Tu não conseguiste chegar aos céus. Agora está aqui!
─ Eu não entendo por que estou aqui. Tenho uma mãe doente que precisa de mim. Preciso sair daqui!
─ Não podes! Se fosses possível, também estaria longe daqui. Também sou do seu mundo. A mesma força mística que te prendeu aqui, me prendeu.

Olhei de novo ao redor, não via nada, apenas sentia uma força presente. Próxima a mim. Não era uma força hostil, pelo contrário, era uma presença agradável. E de repente aparece diante de mim uma tela. Dessas de tela plana, de alta qualidade. Era uma tela de computador projetando o passado. E lá estava eu, desesperada tentando achar um emprego. Entrei naquele colégio e uma mulher me recebeu. Eu era gorda. Terrivelmente gorda! Pesava 120 quilos. Minha auto-estima era muito baixo. Ermedite era o nome da mulher. Uma senhora baixinha de olhar severo e distante. Havia algo estranho naquela imagem. Eu também conseguia sentir pensamentos. Eram como perfumes que se infiltravam pelas minhas narinas. O seu sorriso parecia tão simpático, mas na verdade, seus pensamentos, praticamente nus, se insinuavam sexualmente para mim. Nossa, não conseguia sentir isso quando vivi essa situação. Era produto daquela imagem de computador. Sentia isso claramente agora.

Ela pegou meu currículo e me disse que ligaria. Dei as costas, e ela me olhava com um olho de desejo. O que significa aquilo meu Deus! O que está acontecendo! A voz, que se emudece, agora quebrava o silencio.

─ Tu es mui amável, Celestre! Por isso não enxergou as maldades do mundo!
─ Você de novo! Não entendo o que quer dizer!
─ Essa mulher te contratou porque sentia desejos por ti. Queria saciá-los!
Aquela presença agradável não poderia estar mentindo para mim, mas eu não era uma pessoa atraente, de qualquer jeito. Era gorda ao extremo, dona de grande cintura e pernas cheias de gordura. Lembro-me que quase me arrastava pelo local de trabalho. Era ajudante de secretaria e havia me formado em pedagogia. Mas fazia sentido, pois não enxergava. Agora na tela passou o professor Lobato. Era o professor mais bonito da escola. Eu olhava para ele quando passava. Nunca me daria bola, sei bem disso.

Da secretaria, acompanhava os movimentos dos alunos. Sentia-me bem ali e também precisava do dinheiro para o tratamento da minha mãe. Nossa como deve estar ela agora? Eu estou muito preocupada! Agora na tela do computador passa a imagem de Ermedite me olhando. Um olhar indecente de desejo. E seus pensamentos, podia ouvi-los como por mágica! “Vontade de apertar aquela gordinha. A minha tara são mulheres gordas”. Senti nojo daquela mulher. Tinha grande respeito a ela! Depois passou a imagem do professor Lobato. Ele olhou para mim com um olhar terno. Nossa, naquele momento me derreti! E os pensamentos dele saíram de sua mente e ficaram nítidos para mim. “Vou por minha namorada no lugar dessa gorda nojenta!” Como? Como pude me enganar e se tornar cega! Esse homem estava querendo me prejudicar! Meu Deus, agora tudo faz sentido!

─ Celeste, seu coração puro não te permitiu enxergar o obvio! Esse mundo é animal! Eu já conheço o fim dessa história sem mesmo conhecê-la integramente! Aquele homem lhe armou uma cilada. Pediu para que tomasse conta da sala num momento de prova. Então os alunos enxergaram o seu corpo. E tal imagem era motivo de agressão para eles. Então provocaram-te ao ponto de tu saíres correndo aos berros.
─ Sim, e a Madre superiora me chamou na minha sala e me comunicou a demissão.
─ Então agora veja na tela o que aconteceu.

Era eu lá na tela. Correndo, ou pelo menos tentando correr. Atordoada, chorava que nem criança. Desesperada por não conseguir pagar o tratamento de minha mãe. Atravessei a rua e o carro me pegou. Tudo ficou estranho.

─ Sim, Celeste, tu te precipitaste e acabou onde estás. Lobato agora conseguiu que a namorada ocupasse o seu lugar e ninguém lembra de ti! Saíste sozinha e esquecida! Agora continue olhando na tela.

Era uma visão abominável. Era a madre superiora aos beijos com Ermedith. Mônica a beijava com uma fúria. Não conseguia entender mais nada. Estavam na sala dos professores, rolando no dinheiro. Aquele dinheiro era o que tinham arrecadado com a festa junina. Estavam lá rolando uma em cima da outra. Era uma visão muito forte. Caminhou pela estrada cibernética novamente. Agora era dourada e havia muitas portas. Entrou e deu de cara com uma comunidade. Estava escrito: “Graças a Deus aquela gorda nojenta saiu daqui e clara está conosco!”. Havia outra mensagem: “Uma singela homenagem, a uma mulher que, para muitos só foi a sua imagem exterior, mas que para mim era a interior. Celeste, foi injusta sua demissão! Volta”

─ Eu não entendo, por que pode haver mensagens que me defendam, sendo que aquelas crianças me odiavam!
─ Celeste, muitas pessoas aprenderam a enxergar pelos olhos da incoerência desse mundo, mas alguns, na verdade poucos, conseguem te ver como tu eras! Simpática e prestativa. É um mundo cruel lá fora, então está bem aqui. Protegida das desventuras do mundo lá fora!
─ Mas eu preciso voltar! Não sei seu nome, amigo.
─ Meu nome é Gabriel, é apenas o que podes saber no momento.

Apesar de estar preocupada com minha mãe, sinto-me confortável aqui. Fecho meus olhos e não vejo nada agora. Um campo de flores cibernéticas, um Elíseos maravilhoso me vem a mente. Minha mente começa a ficar pesada. Não consigo entender o que está me puxando. Agora está tudo turvo. Minha mente esta sendo absorvida por um túnel de cores indescritíveis. Sinto estar imóvel, em uma cama. Meus olhos aos poucos se abrem. Agora estou em uma cama de hospital. Uma mulher franzina, de branco vem ao meu leito e me conforta. Olho para mim, estou muito magra.
─ A dorminhoca acordou finalmente! Está ai a 3 meses!
─ Minha mãe, por favor, onde está?
─ Ela está bem! Tratou-se da doença e como milagre está curada!
─ Meu Deus, não posso acreditar. Estou fraca demais!
─ Ah, chegou flores para você. É de Gabriel, conhece?
Senti um frio na espinha. Gabriel!
─ Sim, telefonou e disse que está vindo para cá. Poderão conversar em breve.
A porta se abre, era um rapaz jovem e de boa aparência. Vinha de longe. Muito longe, ver Celeste. Tinham muito o que conversar. A porta se fecha. Leitor saiamos agora por educação.

Chuva da consolação até a liberdade



Eu que caminho na chuva
Você que da chuva faz o caminhar
Nós que vivemos e sofremos

Da Consolação a Liberdade
numa chuva rispida
o chorar a cada gota de suor que cai sobre os ombros

Nosso caminhar sem parar
sem saber, sem pensar, nem o olhar pra traz
Da Consolação ao sol nascente da liberdade
eu caminhei molhado de lágrimas

domingo, 15 de novembro de 2009

Poema das cinzas

Poema das cinzas,
jogado no canto inútel e imundo da noite,
queimado pelo isqueiro do cigarro,
e levado pelo vento,

Poema das cinzas,
não renasce ?
igual ave de esperanças...

Indagação sobre a santidade da guerra


Allah, o paraíso,
David, estrela de Israel
Cristo, sofrimento, sua cruz
Lutero, sua luz

Astros, caiam por terra!
Christi, sua cruz
Corpus, por quê?

A Vendedora de Doces


Quem já esteve naquela estação, certamente se deparou com uma pitoresca antítese visual. Lembrarão que lá há uma senhora, de rosto sofrido, cabelos grisalhos e olhar triste, típico de pessoas que padecem de todos os infortúnios da vida, e, simplesmente, não conseguem converter tanta amargura em simpatia. Se lhe vêm a cabeça a figura da vendedora de doces, então entendem bem o que digo. Você se lembrará que a pobre criatura estará sentada, com um livro - desses de romance de bancas de revista.
Se você também ficou com muita raiva porque tal senhora não lhe atendeu bem, então deve relevar, pois, para tudo há uma razão.

A vida foi um pouco ingrata com aquela mulher e é certamente por isso que a pobre alma andava angustiada. Também me senti assim, leitor, mas como trabalhava próximo à estação - e gostava de um tipo de doce que a senhora vendia-, então me conformava com aquele olhar colérico e sem vida daquela pobre mulher. Tentava em vão puxar conversa pra tentar arrancar-lhe um sorriso, não importava que fosse apenas por um segundo. Era ela dura na queda, fitava-me como se fosse um invasor que tentasse roubar-lhe algum pertence. Era mestre em interromper conversas e ir direto ao ponto. Foram longos anos que me confrontei com tal senhora, tentando, em vão, descobrir a razão de tanta amargura. Ironicamente, vendia doces, e era tão salgada!

Acredito que isso tenha acontecido em novembro, pois era época daquelas formigas voadoras saírem de seus esconderijos. Pois bem, estava saindo do trabalho e chego à estação. Lá, as pessoas estavam perplexas com a cena. A mulher vendedora de doces estava jogando, ou melhor, arremessando marias-moles por todos os lados. Imagine uma guerra de marias-moles! Uma doce guerra infantil! Por pouco não recebo um desses doces no rosto. Cuidadosamente, o guarda puxa a mulher para dentro da cabine e não se soube mais nada.

Misteriosamente, na outra semana, lá estava a tal senhora sentada, lendo seu livro e vendendo seus doces, como nada tivesse ocorrido. Mas, com um detalhe: as marias-moles haviam sumido! Corri para comprar doces e me deparei com o de sempre: um rosto amargo e triste, sem vontade, que me entregara meus doces e me disse com o olhar: cai fora!

Por ironia do destino - acho que isso ocorreu em dezembro – acabei conhecendo Joana, irmã da senhora vendedora de doces. Não que tivesse correndo atrás para saber alguma coisa, mas tais acontecimentos me intrigavam muito. Imaginei que era o momento para se entender tudo, pois, de uma hora para outra, tal senhora sumiu da estação e outra pessoa apareceu em seu lugar. Não me julgue, leitor! Não estou aqui para fazer fofocas, mas apenas para lhe falar sobre tal senhora, que, acredito eu, deve estar mordido de curiosidade. Se não quiser continuar, favor fechar o livro e ir cuidar dos seus afazeres. Mas, se quiser prosseguir, então me acompanhe...

Como havia dito, o nome da irmã da vendedora de doces era Joana. Belo nome, que nunca esquecerei! Joana estava indo para o trabalho e eu, ao meu. Estávamos no metrô. Como ela desceria no centro, pude bater um bom papo com ela. Era uma pessoa alegre, de bem com a vida. Disse que estava feliz porque a irmã havia resolvido seu problema. Neste ponto não sabia que era irmã da senhora vendedora de doces, mas como eu disse que desceria naquela estação, ela havia me contado que tinha uma irmã que trabalhava nela e que havia mudado de ramo. Contei que havia conhecido a irmã porque era seu freguês. Ela sorriu e me disse:

─ Ah, então você conhece a amarga da minha maninha! Deve ter passado maus bocados com ela!

Tentei ser simpático e dizer que não, mas ela já se antecipou dizendo que tudo que dissesse seria somente pra ser simpático. Pediu-me segredo e finalmente me contou: O marido tinha impotência! Disse que a doce guerra de marias-moles era porque os pobres doces lembravam-na do marido. Não pedi mais detalhes. - Um pingo pode ser a letra inteira-. Agora estava tudo bem! O marido havia feito um tratamento e voltava à ativa. Disse-me que a pobre mulher abriu uma lanchonete de salgados. Achei a notícia muito interessante. Se vendendo doces lhe tornava salgada demais, então, agora, vendendo salgados, como seria?

Pedi o endereço do estabelecimento e fui conferir pessoalmente. Era uma loja simples, limpinha e organizada. Entrei finalmente! Para minha surpresa, era outra mulher que saía de lá: cabelos bem penteados, boca pintada, unhas bem feitas. Era uma mulher totalmente diferente. Estava feliz, simpática e transcendente. Era o poder de Eros, dominando-a. Era tudo novo...

Encontro Celeste


Naquela noite de sábado a lua estava lá, com seu sorriso amarelo mais as estrelas, a muito tempo, jaziam cobertas pelas nuvens imundas da poluição. Tudo muito confuso , vivemos a busca de um refúgio, um paraíso, que está distante de nossos recursos de proletário. Belezas mil que contam aos olhos os "outdoors", mas só deleitam àqueles que possuem o mel capitalista.

Era naquela noite, num vagar pela noite, ali próximo ao altar de Iemanjá, que vi seguidores de Iemanjá, a lhe devotar presentes e devoção divinal. Meu olhar direcionava-se às águas da lagoa, com aquele cheiro forte e nauseante, fugindo da minha própria consciência. Era onde os esgotos dos ricos chegavam. Era também onde os homens ricos jogavam suas cópias!

Iemaja estava lá, aquela imagem de pedra, parada um pouco à frente da lagoa, com a estrela na cabeça e com um olhar triste, frio, indiferente.

Reduzida a um espaço infimamente menor do que o era costumada, petrificada; era um grão de areia naquela lagoa.Mas ali, no meio da lagoa, reduzia-se sua totalidade!O mar trazia a maior diversidade de animais do planeta. Teria lá segredos há muitos tempos guardados e inimagináveis. Cores nunca vistas aos olhos dos humanos. O mar e suas verdades. Verdades aparentemente diversas, inúmeras águas que na verdade são apenas uma coisa só.

Já eram 10 horas quando meu transe sobre o qual me coloquei foi quebrado. Um reboliço de homens de terno e mulheres de cabelos e saias longos. Gritavam furiosos, como búfalos ferozes, ao encontro dos adoradores de Iemanjá. Invadiam o pequeno templo fazendo sua presença .

Eram homens e mulheres, bufalos ferozes, com o desejo ensano de destruir aquele local. Eu na crença democracia estava em estado de choque. Aquilo era insano demais para mim.

Gritavam , cânticos cantavam, rituais de purificação faziam. Traziam pedras para arremessar em direção à pobre da imagem.

Foi em questão de minutos que o local foi tomado. Foi correria para todos os lados. Gente correndo com medo daqueles bufalos com o livro na mão. A espada, diziam eles. Foi nesse momento que um homem de bom porte físico, veio na minha direção, jogando-me longe, sem quase menor esforço. Bati a cabeça no chão! Fiquei no chão, sem condições de me levantar, apenas olhando do chão. Minha cabeça rodava como se estivesse bêbado ou coisa assim. E presenciaria a destruição imoral daquela mulher de pedra, já triste, no meio da lagoa. Imóvel veria minha democracia se fazer em pedaços. Quando, não sei se foi um sonho. Surrealismo produzido por uma mente afligida do pânico? Não sei ao certo, mas estava o líder daqueles homens com uma pedra na mão. E estavam acabando o “ritual de purificação”,quando sai, andando sobre as águas da lagoa, um homem. O lua o seguia assim como as estrelas. Era um homem iluminado. A imagem petrificada! Uma mulher a imagem havia transformado. Pálida estava a mulher com adornos feitos com coisas do mar. Vestido azul, cabelos negros e olhos castanhos brilhantes. Chorava, paralisada. Levaria a pedrada e seria ofendida. Mas o homem que andava sobre a água aproximava. Era alto, de aspecto moreno, cabelos ondulados, barba de tamanho médio. Aquele homem tinha um aura de paz e tranqüilidade que reluzia. Trazia as feridas na mão!

Colocou-se à frente da mulher. Olhou com um ar sério para o homem que trazia as pedras. Calou-se o homem que andava sobre as águas. Você é uma aparição demoníaca, disse o homem de preto. Essa pedra está abençoada. O homem de manta branca apenas disse: “Se você tiver erros, seja aquele a não arremessar a pedra”.

Olhou o homem de terno com fúria e no momento de arremessar a pedra, a mesma converteu-se em algo parecido com merda. O braço do homem de terno ficou imóvel fazendo com que aquela coisa pastosa escorresse na sua camisa. Ficou confuso e por fim saiu correndo com os demais. Acovardou-se com a figura transfigurada do homem moreno da lagoa.

O homem transfigurado olhou com ternura para a mulher e saiu andando para o meio da lagoa, sumindo por completo no meio da escuridão. A mulher apenas sorriu e disse: “Gosto desse homem. Ele tem um ar de extrema bondade, mas não entendo porque os homens que o seguem sejam tão ruins. Talvez por que sejam homens imperfeitos. Eles merecem perdão!”.

Converteu-se a mulher a pedra de novo. Senti que meu corpo estava são. Estranho, estava como tivesse sido curado. Sai correndo daquele lugar vazio. Hoje conto essa história as pessoas, mas elas não acreditam em mim. Para onde foi aquele homem de terno? Onde está o homem que andava sobre as águas?